UMA CARTINHA


Que carinho, é lindo meu amorzinho
Se você não ficar do meu ladinho eu vou chorar
Você é tudo que eu sonhei
Quando eu te vejo, o meu coração falta estourar
Naquele verão o brilho do sol se confundiu com teu olhar
E você se foi na mesma estação, não consegui te segurar
Agora insisto novamente, você é o meu lugar
Tenho uma cartinha, quero entregar pra você
Lá está escrito coisas que eu sempre quis te dizer
Vou entrar escondido no teu coração
Quando você me achar vai perceber
Que não consegue sorrir sem mim
Sidney Vasconcelos

Assim eu esqueceria tudo.


Queria está chapado, bêbado por 24h, sem sentir náuseas e nem dor de cabeça
Assim eu esqueceria tudo, completamente tudo. Quem sou eu, quem é você, quantos anos eu tenho, esqueceria quanto tempo me resta pra tentar ser feliz, não ligaria pras conseqüências, não me esquentaria com nada do que me preocupa hoje. Quem me dera viver sem preocupações
Estando bêbado já me sentiria bem só em conseguir ficar de pé. O que é bem difícil estando com as pernas bambas
Seguiria direções opostas rumo a lugar nenhum. Não lembraria o que é amar, nem de senti prazeres carnais. Ora, meus neurônios nem teriam forças para amar. Meu prazer seria sentir o odor exalante de cigarro barato comprados com moedas encontradas nas esquinas
Ah, dormir seria bem mais fácil sem pulgas cerebrais, sem pensar, apenas sonhar sonhos que eu não me recordaria no dia posterior quando acordasse com a nuca atolada em um saco de lixo podre rodeado de vermes
Você definitivamente estaria longe de mim e eu longe de todos. Seu rosto seria igual ao de qualquer um, seu cheiro também seria o de cigarro barato com álcool inalado
Não sentiria mais dor. Poderia até ficar chorando pelos cantos, mas sem saber o porquê, sem procurar um porquê. As lágrimas cairiam como cresceria minha barba, naturalmente
Teu olhar seria esquecido na hora em que a queimação do etanol se espalhasse pelo meu esôfago, pois aquilo sim seria o meu grande prazer
Ficaria tão inútil que nem tentaria mais ser útil. Seria eu, somente eu. Sem você, sem o mundo. Um simplório. Se já não é ser simplório escrever bobagens como essas
Ao menos eu estaria livre, sem saber o que é ser feliz, sem saber o quanto é bom poder amar, sentir os prazeres humanos que nem sempre alcançamos, não lembraria o quanto é difícil viver sem você. Não ficaria perdido como um homem barroco em um mundo “Teo-antropocentrico”
Mas se não posso ficar bêbado por 24h pelo resto da vida sem entrar em coma alcoólico, então continuarei aqui, sendo o que sou ou o que não sou, ou o que continuo sendo sem nunca ter sido, sem saber o que ser.
Sidney Vaconcelos